S E J A B E M - V I N D O !

Ao entrar, me sinto abraçada. O espaço, objetos e mobiliário contam uma história que não é minha. E me acolhem. O aconchego visual me faz ter vontade de ficar. A casa branca, de piso de madeira e colorida pontualmente por escolhas minuciosas, conta que ali há um porquê para cada coisa. Não muitas, mas nada de minimalismo. Aqui, a palavra de ordem é seleção. Ou, como consigo sentir melhor mais para frente, curadoria. Uma casa com cara de galeria de arte. Ou seria uma galeria com cara de casa? 

O L Á !

Você está na casa do arquiteto Felipe Carolo e eu sou a jornalista convidada a apresentá-la junto do nosso anfitrião.

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Jornalista: Felipe, estou muito à vontade aqui. Seu estilo traduz elegância e simplicidade ao mesmo tempo.

Felipe Carolo: Quando fazem esse comentário ou me perguntam sobre isso, fico um tanto reticente, porque penso toda definição como algo limitante. Sou um jovem arquiteto de 35 anos. Acho que estilo é como a nossa casa, muda com a gente ao longo do tempo. Hoje, posso dizer que se traduz em três pilares: simplicidade, a elegância que vem dela, e atemporalidade. O atemporal tem essa coisa de não colocar a gente em uma caixinha. É neste lugar que eu me encontro. 

O meu dia a dia é de buscas pelo novo no meu trabalho – novos materiais, novos designers, novas referências, inspirações. Isso alimenta a minha alma e a minha criação.

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Jornalista: O que é casa para você?

FC: É um conjunto de várias coisas, sentimentos, sensações, é o nosso espaço no mundo, nosso refúgio mesmo. Clichê? Pode ser. Mas é onde podemos ser e contar quem somos sem máscaras, sem encenações. É um espaço de pertencimento para estar em paz e onde recebemos quem permitimos para construir boas memórias. É desse lugar de cuidado com a minha casa que eu me importo com a casa que faço para as pessoas. Eu adoro estar em casa e me divirto fazendo casa. É um lugar também para se divertir. 

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Jornalista: E qual a função do branco neste propósito?

FC:  Meu trabalho vem do lugar da herança afetiva e do que as pessoas já tinham na sua casa para levar para si e para expor. Se eu não posso mudar tudo e empregar a minha estética, o branco me permite um quadro novo para brincar com isso. E se eu estou fazendo um projeto do zero, o branco é coringa. Você pode errar com ele? Pode, claro. Mas aqui, ele existe para destacar o interior, as escolhas de mobiliário, objetos, luz. Há um equilíbrio em busca. Gosto de um layout de exposição. A cor vem para quebrar o branco, não há monotonia. Ele pode vir além das paredes, aliás, com texturas e diferentes narrativas.

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Jornalista: Onde busca suas referências e inspirações?

FC: No cotidiano e nas artes. O dia a dia me faz pensar em como uma casa pode ser mais prática, como posso atender as minhas necessidades e, assim, me colocar no lugar do meu cliente atendendo as suas necessidades. Adoro um buraco de fechadura, observar como as pessoas moram, olhar pelas janelas das casas e apartamentos quando viajo, enxergar detalhes que a maioria não vê, mas que são fundamentais para um dia a dia mais agradável. E as artes visuais, principalmente as artes plásticas e o cinema, me trazem referências e inspirações de diversas culturas e tempos.

  • Ao entrar, me sinto abraçada. O espaço, objetos e mobiliário contam uma história que não é minha. E me acolhem. O aconchego visual me faz ter vontade de ficar. A casa branca, de piso de madeira e colorida pontualmente por escolhas minuciosas, conta que ali há um porquê para cada coisa. Não muitas, mas nada de minimalismo. Aqui, a palavra de ordem é seleção. Ou, como consigo sentir melhor mais para frente, curadoria. Uma casa com cara de galeria de arte. Ou seria uma galeria com cara de casa?

    Olá! Você está na casa do arquiteto Felipe Carolo e eu sou a jornalista convidada a apresentá-la junto do nosso anfitrião. Seja bem-vindo!

    Jornalista: Felipe, estou muito à vontade aqui. Seu estilo traduz elegância e simplicidade ao mesmo tempo.

    Felipe Carolo: Quando fazem esse comentário ou me perguntam sobre isso, fico um tanto reticente, porque penso toda definição como algo limitante. Sou um jovem arquiteto de 35 anos. Acho que estilo é como a nossa casa, muda com a gente ao longo do tempo. Hoje, posso dizer que se traduz em três pilares: simplicidade, a elegância que vem dela, e atemporalidade. O atemporal tem essa coisa de não colocar a gente em uma caixinha. É neste lugar que eu me encontro. O meu dia a dia é de buscas pelo novo no meu trabalho – novos materiais, novos designers, novas referências, inspirações. Isso alimenta a minha alma e a minha criação.

    Jornalista: O que é casa para você?
    FC: É um conjunto de várias coisas, sentimentos, sensações, é o nosso espaço no mundo, nosso refúgio mesmo. Clichê? Pode ser. Mas é onde podemos ser e contar quem somos sem máscaras, sem encenações. É um espaço de pertencimento para estar em paz e onde recebemos quem permitimos para construir boas memórias. É desse lugar de cuidado com a minha casa que eu me importo com a casa que faço para as pessoas. Eu adoro estar em casa e me divirto fazendo casa. É um lugar também para se divertir.

    Jornalista: Vejo paredes brancas nos seus projetos, mas há colorido. Qual a sua relação com as cores? FC: Já trabalhei com mais cor, mas não consigo visualizar harmonia no excesso de cores. Quando eu insiro a cor no meu trabalho é sempre um tom a mais, pontualmente. Não é sobre feio e bonito, é sobre leveza, equilíbrio e harmonia.

    Jornalista: E qual a função do branco neste propósito?
    FC: Meu trabalho vem do lugar da herança afetiva e do que as pessoas já tinham na sua casa para levar para si e para expor. Se eu não posso mudar tudo e empregar a minha estética, o branco me permite um quadro novo para brincar com isso. E se eu estou fazendo um projeto do zero, o branco é coringa. Você pode errar com ele? Pode, claro. Mas aqui, ele existe para destacar o interior, as escolhas de mobiliário, objetos, luz. Há um equilíbrio em busca. Gosto de um layout de exposição. A cor vem para quebrar o branco, não há monotonia. Ele pode vir além das paredes, aliás, com texturas e diferentes narrativas.

    Jornalista: Este é o seu lugar de conforto?
    FC: O meu lugar de conforto é projetar para viver, sabe? Entender a história da pessoa e do imóvel onde está inserido o projeto, a história da edificação em si. Eu não posso encher uma janela de fita de LED em um apartamento neoclássico. Se uma pessoa vai morar em um imóvel mais antigo, isso também tem a ver com ela, com as escolhas que serão feitas para ela. O mesmo acontece com quem prefere um imóvel novo para viver. Neste caso, preciso construir a partir dos seus gostos dentro das experiências dela, independente das tendências e modismos. Não é tudo que cabe e se encaixa para todo mundo, mesmo que seja um pedido. Gosto de revelar aos meus clientes desejos que eles nem imaginavam ter e que façam mais sentido dentro da própria trajetória. Acredito em casa com alma. E isso também ter a ver com praticidade e necessidades de cada um.

    Jornalista: Existem regras na arquitetura de interiores?
    FC: Na teoria, existem regras universais. Mas desculpa, eu não as sigo. Tudo pode ser questionável.

    Jornalista: E o que é elegância? Podemos questioná-la também?
    FC: Entre as escolhas para uma casa, elegância tem a ver com o equilíbrio de diferentes tipos de materiais, no jogo do mais com o menos, do cheio com o vazio. Tem a ver com cuidado em detalhes, do ver de perto e de longe com os mesmos olhos encantados e confortáveis. É como uma partitura, tudo claro e em perfeita harmonia.

    Jornalista: É assim que você faz as escolhas de materiais, mobiliário e objetos? Porque parecem escolhas minuciosas...
    FC: E são. Eu adoro trabalhar com materiais naturais: madeira, palha, pedras, que eu aprendi muito no processo de restauro, aliás. Mas nada em excesso. Gosto do pot-pourri. Dentro disso e do que chega até mim, como móveis e objetos de herança afetiva, faço a seleção do que fica, do que faz sentido e conta melhor aquela história. Se recebo um cliente maximalista, não vou deixá-lo minimalista, mas sim elucubrar o porquê de cada coisa junto dele. Propor o que fica, no caso de herança afetiva, com um novo significado e, o que já não pertence mais àquela nova proposta de casa.

    Jornalista: Onde busca suas referências e inspirações?
    FC: No cotidiano e nas artes. O dia a dia me faz pensar em como uma casa pode ser mais prática, como posso atender as minhas necessidades e, assim, me colocar no lugar do meu cliente atendendo as suas necessidades. Adoro um buraco de fechadura, observar como as pessoas moram, olhar pelas janelas das casas e apartamentos quando viajo, enxergar detalhes que a maioria não vê, mas que são fundamentais para um dia a dia mais agradável. E as artes visuais, principalmente as artes plásticas e o cinema, me trazem referências e inspirações de diversas culturas e tempos.

    Jornalista: Sua experiência com herança afetiva influencia nas suas escolhas?
    FC: Eu adoro design! E tenho um carinho grande com o design mid-century. Com a proposta do atemporal, acho que ele se encaixa muito bem quase sempre. Uso muito o design brasileiro, temos diversos nomes excelentes, e me apaixonei pelo design francês desse meio do século passado. Então, influencia, claro. E eu sou uma pessoa que sempre gostou de coisas com história.

    Jornalista: Beleza ou aconchego, qual a função da arquitetura de interiores?
    FC: O arquiteto de interiores é conhecido por fazer ambientes bonitos. Mas sem dúvida o aconchego está aliado à beleza e vice-versa. Se você pensa só no belo, não necessariamente terá um espaço aconchegante. O belo que não tem vida, aquele lugar lindo, mas que você não se vê vivendo, é apenas sobre estética. Mas o só aconchegante também não funciona. O aconchego é sensorial, falamos também do olhar.

    Jornalista: Quem é o Felipe Carolo arquiteto?
    FC: Eu me considero um arquiteto de concepção. Como arquiteto de interiores eu movimento um layout interno da casa. E isso não vem da época da faculdade, quando me formei em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Acho que vem lá da infância mesmo. Na faculdade, eu me apaixonei pela restauração. Mas a mudança dos ambientes eu já fazia quando pequeno. Eu adorava ajudar a minha mãe a decorar a casa, o salão de festas do prédio onde a gente morava e que meu pai era o síndico. Mais tarde, quando abriu uma grande loja de design e decoração na cidade onde eu morava, eu passava tardes inteiras imaginando mobiliários e objetos de decoração na minha casa. Eu tenho uma gratidão pelo processo tão grande e a todo mundo que teve aqui até agora. E eu sou uma confluência de tudo isso. E me orgulho de estar onde estou mesmo sabendo que ainda tenho que aprender muito.